domingo, 5 de maio de 2024
Blogueiro foi assassinado? Empresário e PM são peças-chaves para esclarecimento da morte de Maldine Vieira em casa de prostituição, em São Luís
Alvo de denúncias no blog do jornalista Maldine Vieira, o empresário Saymon Aquino o conheceu na noite anterior ao afogamento e foi o responsável por levá-lo à boite Rosana, para onde chamou também o policial militar Bruno Campelo
Desaparecido desde a última quarta-feira, 1º, quando veio à tona a morte do jornalista e blogueiro Maldine Vieira, o empresário Saymon Aquino é uma das peças-chave para desvendar o mistério em torno do afogamento, que ocorreu na casa de prostituição Boite Rosana.
Esse homem só conheceu Maldine na noite anterior ao afogamento, mas foi personagem frequente em matérias do jornalista em 2023 por suposto envolvimento em casos de corrupção.
— em 22 de agosto, Maldine publicou o post “Olha aí PF! Saymon Aquino vem aliciando prefeitos para negociar emendas parlamentares”;
— no dia 6 do mesmo mês, outra postagem: “Conheça Saymon Aquino, controlador de milhões da empresa GPA Construções”;
— Outros dois postes sobre Saymon Aquino foram publicadas por Maldine Vieira, ambos no dia 16 de agosto de 2023.
Ainda durante o velório, na quinta-feira, 2, amigos próximos a Maldine Vieira relataram a linha do tempo desde a aproximação entre o jornalista e o empresário até o desfecho trágico, com a sua morte na piscina da boite Rosana.
— Um grupo de jornalistas se encontrava no Quatro Bar, na Península, ocasião em que Maldine Vieira fora apresentado a Saymon Aquino;
— desde o início da noitada, Aquino tentava levar o jornalista para a Rosana, mas enfrentava resistência dos demais presentes;
— diante do estado alterado de Maldine, alguns chegaram a propor levá-lo em casa, mas Saymon Aquino sempre os impedia;
— os dois deixaram a Península ainda de madrugada, sozinhos, no carro do empresário, em direção à Boite Rosana.
A partir daí os relatos se parecem com os já divulgados pela imprensa, desde a morte do jornalista:
— Symon Aquino e Maldine Vieira chegaram à boite Rosana entre 5h30 e 6h da manhã, com Maldine já em contato com uma das garotas da casa, com quem ficaria;
— a convite do empresário, seu amigo policial militar Bruno Campelo, a segunda peça-chave, os encontrou já na casa, vindo de um plantão na PMMA;
— sentindo-se mal, Maldine subiu a um dos quartos ainda pela manhã, e só desceu – já alterado – por volta do meio-dia, em crise psicótica;
— o jornalista foi à piscina pouco antes das 14h; cerca de 10 pessoas bebiam na casa, entre elas a própria Rosana.
Um vídeo gravado na boite mostra Bruno Campelo na Rosana, em estado de euforia, pouco antes do desfecho trágico.
Outro personagem no local
Há um outro personagem, chamado Alan – a terceira peça-chave – que já foi ouvido por alguns jornalistas; este cidadão, responsável por levar Maldine à UPA do Araçagy, dá uma versão para o caso totalmente diferente das pessoas já ouvidas, tanto pela imprensa quanto pela polícia.
Segundo Alan, quando Maldine Vieira estava na piscina, o PM Bruno Campelo esteve com ele e deixou o jornalista se debatendo; Symon permaneceu bebendo, indiferente, assim como as outras cerca de 10 pessoas na casa.
Foi Alan quem retirou o jornalista da piscina, já desfalecido, e o levou para a UPA; coube a Rosana comunicar a situação a um dos amigos de Maldine, mas com a recomendação de que o pai – o também jornalista Marcelo Vieira – “não deveria ficar sabendo.”
A notícia sobre a morte de Maldine Vieira começou a se espalhar a partir das 14h30 do feriado de quarta-feira, 1º. Saymon Aquino, Bruno Campelo e Rosana chegaram a ser ouvidos por jornalistas, e deram versões diferentes para o episódio.
E desde que a polícia iniciou as investigações, Aquino tomou rumo ignorado. Fica a pergunta que não quer calar: Maldine Vieira foi assassinado?
Com informações de Marco D’Eça
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