quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Coronelismo próximo do fim no Maranhão
ROBSON PAZ
Improvável duelo eleitoral
O duelo eleitoral entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) parece cada vez mais improvável. A mdebista apostava em três fatores para entrar na disputa pelo governo do Estado: viabilidade eleitoral, apoio político e poderio midiático.
Com base nesse tripé, o plano do grupo Sarney era consolidar o projeto até dezembro de 2017. Janeiro chegou e todos os cenários são amplamente desfavoráveis à tentativa do sarneísmo voltar ao poder.
No âmbito eleitoral, as pesquisas divulgadas pela TV Difusora e pelo Jornal Pequeno, em dezembro passado, mostraram favoritismo do governador Flávio Dino à reeleição.
Além de ver Dino liderar com mais de 60% dos votos válidos, Roseana Sarney, variando entre 27% e 30% das intenções de voto, tem a maior rejeição entre os pré-candidatos, segundo dados dos Institutos Exata e Datailha.
Na seara política, a desvantagem de Roseana Sarney é ainda mais visível. Enquanto o governador comunista manteve praticamente intacta a aliança que o levou ao Palácio dos Leões, em 2014, a mdebista amarga quase completo isolamento. A maioria dos partidos historicamente aliados do sarneísmo anunciou apoio ao governo e à pré-candidatura do PCdoB.
Ao menos seis legendas PRB, PP, PR, DEM, PROS e PTB estarão na aliança liderada por Flávio Dino.
Não por acaso, o ex-senador José Sarney vetou a nomeação do deputado federal Pedro Fernandes (PTB) para o Ministério do Trabalho. A desesperada tentativa de recuperar o apoio do PTB tinha o simbolismo de um troféu a ser exibido pelo chefe maior da oligarquia como demonstração de força para os políticos. Deu com os burros n’água!
A postura firme, leal do presidente do PTB escancarou ao Maranhão e ao Brasil, a política coronelista e retrógrada praticada por Sarney e a candidatura caricata de Roseana Sarney.
– Mas, Sarney é detentor de um império midiático capaz de causar avarias na imagem de governos e políticos. Diria, um observador!
Sim, verdade que Sarney tem um oligopólio de comunicação encabeçado pela afiliada da Rede Globo, dezenas de emissoras de TVs e outras tantas de rádios, jornal e portal de internet. De fato, não é desprezível!
Contudo, o ambiente da comunicação do Maranhão não mais permite a criação de factóides como a “morte e ocultação de cadáver de Reis Pacheco”, sem a devida constatação da verdade com a celeridade e pluralidade propiciada pela internet e redes sociais.
Ademais, pelo menos, metade da população do estado não se informa pela TV Mirante, pois acessa TV por parabólica. Cada vez maior também é o índice da população com acesso à internet, especialmente via celular. Isto é, com informações ao alcance das mãos.
Com o revés do clã Sarney nos campos eleitoral, político e midiático, resta-lhes a influência sobre o presidente Michel Temer e o apoio deste para Roseana Sarney. Recente pesquisa divulgada pelo Ibope mostra que 90% dos eleitores não votam em candidatos que apóiam governo Temer.
Decerto, uma temeridade para a improvável candidatura de Roseana Sarney. O Maranhão está próximo de livrar-se de vez do passado coronelista.
Radialista, jornalista. Secretário adjunto de Comunicação Social e diretor-geral da Nova 1290 Timbira AM
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