quinta-feira, 16 de junho de 2016
Edison Lobão exigia propina maior por ser ministro, diz Machado
Lobão recebia a maior parte das propinas. |
O acordo de delação premiada, que pode reduzir eventuais penas de Machado, em caso de condenação, foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A íntegra dos depoimentos, que somam 400 páginas, foi tornada pública no inicio da tarde desta quarta-feira (15).
O ex-presidente da Transpetro afirmou a investigadores da Operação Lava Jato ter repassado propina a mais de 20 políticos de 6 partidos.
Em relação a Edison Lobão, Machado afirmou que, “na qualidade de Ministro, [Lobão] queria receber a maior propina mensal paga aos membros do PMDB”. “O depoente disse que iria estudar as possibilidades e que voltaria a encontrá-lo em breve para fixar os valores”, disse.
Responsável pela defesa de Lobão, o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que o senador nega “peremptoriamente” ter recebido qualquer valor, “a qualquer titulo”, de Sérgio Machado.
Pedido de R$ 500 mil por mês
Segundo o delator, Lobão pediu R$ 500 mil por mês, mas Machado disse que só tinha condições de pagar R$ 300 mil. O ex-ministro orientou, segundo o delator, a forma, o local e o destinatário do dinheiro desviado de contratos da Transpetro.
“Que Lobão disse ao depoente que queria receber esse recurso em dinheiro e no Rio de Janeiro, frisando que só poderia ser no Rio de Janeiro e que o elo era seu filho, Márcio Lobão”, diz trecho da delação.
Ao todo, segundo o delator, o ex-ministro Edison Lobão recebeu R$ 24 milhões em propina, dos quais R$ 2,7 milhões foram pagos por meio de doações oficiais da Camargo Corrêa e da Queiroz Galvão em 2010 e em 2012.
Machado também disse que as doações, em geral, eram feitas para o diretório nacional do PMDB, e não para o candidato, ou ao diretório do partido no Maranhão, mas sempre “carimbadas”, ou seja, destinadas a Lobão.
Procurada, a Queiroz Galvão informou que não comenta investigações em andamento e disse que todas as doações eleitorais que fez “obedecem à Legislação”. A Camargo Corrêa disse que “colabora com a justiça por meio de um acordo de leniência”.
A Transpetro informou que analisa o conteúdo das delações de Sérgio Machado e de seus filhos, que é “vítima da prática de delitos” e que, como tal, será beneficiada pela multa a ser paga pelo delator. A empresa ressalta ainda que “atua em conjunto com a Petrobras e colabora com os Órgãos Externos de Controle, Ministério Público e Poder Judiciário”.
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