domingo, 11 de outubro de 2015
Governo Federal suspende seguro defeso por quatro meses e pescadores ficam sem salários
Com uma longa história de fraudes, o pagamento do seguro defeso a pessoas não habilitadas (que não são pescadores) tem servido até para eleger deputados. Pode ser o fim da bancada do peixe no Maranhão A medida atinge 195 mil pescadores maranhenses.
Depois de assumir o comando da Secretaria da Pesca, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, suspendeu o período de defeso por 120 dias para coibir fraudes na concessão do seguro pago aos pescadores durante o período de reprodução em que a pesca é proibida. O prazo pode ser prorrogado.
A medida faz parte do ajuste fiscal do governo para garantir economia de gastos e reduzir o desequilíbrio fiscal das contas públicas brasileiras. Com o seguro defeso, os pescadores recebem um salário mínimo do governo federal por mês durante toda a temporada de suspensão da pesca.
Fontes do governo informaram que os defesos suspensos têm impacto anualizado de R$ 1,5 bilhão em 2015. O valor corresponde à metade dos benefícios pagos aos pescadores. No acumulado de 12 meses, o custo do seguro defeso é de cerca de R$ 2,7 bilhões.
A justificativa oficial para a suspensão do benefício é o recadastramento dos pescadores artesanais pelo Ministério da Agricultura. Também haverá uma revisão dos períodos de defeso.
A portaria interministerial dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente com a decisão foi publicada nesta sexta-feira, 9, no Diário Oficial da União. A portaria é assinada pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e data do dia 5 de outubro, data da posse dos novos ministros. A partir dessa data, a Secretaria da Pesca foi incorporada ao Ministério da Agricultura. A equipe econômica pressionava por mudanças no seguro defeso.
No Maranhão, os números impressionam A medida atinge 195 mil pescadores em nosso Estado, onde nos últimos oito anos, saltou de 6 mil para quase 200 mil pescadores. Tem hora que temos mais “pescadores que peixes” em rios, lagoas, mares etc… Aqui a pesca já serviu para eleger alguns políticos, principalmente deputados que se ‘identificam’ muito com a atividade pesqueira.
A Polícia Federal, inclusive, chegou a investigar as relações de dois parlamentares, mas o processo não foi adiante. O certo é que não só, no Maranhão, mas, como em todo Brasil são muitos os casos de fraude em relação aos recursos destinados ao defeso.
O recadastramento será presencial e solicitado por meio de formulário de requerimento de licença de pescador profissional, mediante a apresentação de originais e cópias de documentos para comprovar que o beneficiário não tem outra atividade a não ser a pesca artesanal.
O governo respalda a decisão em auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), analisada pelo plenário em abril deste ano, que apontou desvio de R$ 19,5 milhões no pagamento do benefício entre janeiro de 2012 e junho de 2013. A principal irregularidade é o pagamento de parcelas a pessoas que não se encaixam nas condições necessárias para receber o benefício. Do total de desvio, R$ 12,4 milhões foram pagos a beneficiários que possuíam emprego, além da atividade de pescador – o que descumpre a exigência para o pagamento do benefício.
(Pode ser o fim da bancada do peixe no Maranhão).
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